domingo, 24 de março de 2013

Primeiro texto literário português.


Cantiga da Ribeirinha
Paio Soares de Taveirós

No mundo nom me sei parelha,
Mentre me for’ como me vai,
Ca já moiro por vos – e ai!
Mia senhor branca e vermelha
Queredes que vos retraia
Quando vos eu vi em saia!
Mau dia me levantei,
Que vos enton non vi fea!

E, mia senhor, dês aquel di’,ai!
Me foi a mi mui mal,
E vos, filha de don Paai
Moniz, e bem vos semelha
D’aver eu por vos guarvaia,
Pois eu, mia senhor, d’alfaia
Nunca de vos ouve nen ei
Valia d’ua correa.


livre tradução.

No mundo ninguém se assemelha a mim
enquanto a minha continuar como vai,
porque morro por vós, e ai!
minha senhora de pele alva e faces rosadas,
quereis que vos retrate
quando vos vi sem manto!
Maldito dia! me levantei
que não vos vi feia!

E, minha senhora, desde aquele dia, ai!
Tudo me foi muito mal,
e vós, filha de bom Pai
Moniz, e bem vos parece
de ter eu por vós guarvaia,
pois eu, minha senhora, como mimo
de vós nunca recebi
algo, mesmo sem valor.


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