domingo, 24 de março de 2013

Lírica provençal







Lírica provençal


A literatura na linguagem provençal iniciou-se no século IX quando alguns padres e monges começaram a traduzir orações, hinos, contos e lendas religiosas para essa linguagem, por forma a aproximar o povo da Igreja. No entanto, foi no século XII que começou a afirmar-se a lírica provençal, com nomes como Bertrand de Born, Arnaud Daniel e Guiraut de Bornelh.  Julga-se que as origens da poesia provençal se relacionem com artistas ambulantes de classe baixa cujos espetáculos incluíam diversões com animais, cantigas e récitas/declamações. Teria sido a partir do contacto com estes espetáculos que os trovadores teriam surgido no seio da Corte, refinando e aristocratizando algumas das características destas manifestações. No contexto do lirismo provençal, o amor afirmava-se como um culto, quase uma religião. O trovador, na Corte e na literatura, comportava-se em relação à sua dama como o vassalo para com o seu senhor, prestando-lhe homenagem, servindo-a com fidelidade e combatendo por ela, se necessário. Não se tratava de uma relação sentimental a dois mas de uma aspiração em relação a um objeto inatingível. Além disso, o trovador obedecia a todo um código de comportamento, no qual se prescrevia, por exemplo, a manutenção do segredo da identidade da amada. A este ideal de amor correspondia um tipo idealizado de mulher de cabelos louros, olhar sereno, e sorriso delicado, que mais tarde reapareceria na Beatriz de Dante ou na Laura de Petrarca. De resto, todas as convenções temáticas desta poesia viriam desde então a influenciar tanto a literatura europeia como o comportamento social.Esta influência marcou em especial Portugal e a Galiza, aí se difundindo nos séculos XII e XIII e dando origem à cantiga de amor.

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