domingo, 1 de junho de 2014

"Ridendo castigat mores" - rindo se castigam os costumes." Molière.



Gil Vicente (1465? — 1536?) é considerado o primeiro grande dramaturgo português, enquanto homem de teatro, parece ter também desempenhado as tarefas de músico, ator e encenador. É  considerado, de uma forma geral, o pai do teatro ibérico já que também escreveu em castelhano. A obra vicentina é tida como reflexo da mudança dos tempos e da passagem da Idade Média para o Renascimento, fazendo-se o balanço de uma época onde as hierarquias e a ordem social eram regidas por regras inflexíveis, para uma nova sociedade onde se começa a subverter a ordem instituída, ao questioná-la. Foi o principal representante da literatura renascentista portuguesa, anterior a Camões, incorporando elementos populares na sua escrita que influenciou, por sua vez, a cultura popular portuguesa.Presume-se que Gil Vicente tenha estudado em Salamanca. O seu primeiro trabalho conhecido é o Auto da Visitação, também conhecido como Monólogo do Vaqueiro, foi representada nos aposentos da rainha D.Maria, consorte de Dom Manuel, para celebrar o nascimento do príncipe (o futuro D. João III) - sendo esta representação considerada como o marco de partida da história do teatro português. A encenação do Auto da visitação ocorreu na noite de 8 de Junho de 1502, com a presença, além do rei e da rainha, de Dona Leonor, viúva de D. João II e D. Beatriz, mãe do rei. Além de ter escrito a peça, Gil Vicente também a encenou. Perante o interesse de Dona Leonor, que se tornou a sua grande protetora nos anos seguintes, Gil Vicente teve a noção do seu talento e que isso  lhe permitiria mais do que simplesmente adaptar peças teatrais para ocasiões especiais. Entre muitos eventos, ele dirigiu os festejos em honra à Dona Leonor, a terceira mulher de Dom Manuel, no ano de 1520, um ano antes de passar a servir Dom João III, conseguindo o prestígio do qual se valeria para se permitir a satirizar o clero e a nobreza nas suas obras ou mesmo para se dirigir ao monarca criticando as suas opções. Foi o que fez em 1531, através de uma carta ao rei onde defende os cristãos-novos. Gil Vicente morreu em lugar desconhecido, talvez em 1536 porque é a partir desta data que se deixa de encontrar qualquer referência ao seu nome nos documentos da época. A sua obra tem uma vasta diversidade de formas: o auto pastoril, a alegoria religiosa, narrativas bíblicas, farsas episódicas e autos narrativos. O seu filho, Luís Vicente, na primeira compilação de todas as suas obras, classificou-as em autos e mistérios (de carácter sagrado e devocional) e em farsas, comédias e tragicomédias (de caráter profano).
 Contudo, qualquer classificação é redutora, pois basta pensar na Trilogia das Barcas para se verificar como elementos da farsa se misturam com elementos alegóricos, religiosos e místicos (o Bem e o Mal). Gil Vicente retratou, com refinada ironia, a sociedade portuguesa do século XVI, demonstrando uma enorme capacidade de observação ao traçar o perfil psicológico das personagens. Crítico severo dos costumes, de acordo com a máxima que seria ditada por Molière :"Ridendo castigat mores" - rindo se castigam os costumes, Gil Vicente é também um dos mais importantes autores satíricos da língua portuguesa. Em 44 peças, usa grande quantidade de personagens extraídos do espectro social português da época, não esquecendo um lirismo nato.


http://www.osecoc.com.br/arquivos/gil.pdf

quarta-feira, 24 de julho de 2013

"e temo, e espero, e ardo em fogo, e sou de gelo, e quero subir ao céu e caio em terra..."


Petrarca, denominado Pai do Humanismo, devotado em resgatar a antiguidade clássica ao escrever cartas ao poeta Cícero, morto 1200 anos antes de seu nascimento, além der traduzir Homero para o latim. Petrarca, Dante Alighieri, Boccaccio e intelectuais do seu tempo formaram a plataforma para o “Ressorgimento” italiano e o início da literatura humanista européia. Assim como é de Petrarca, o conceito de “Medida Nova” para a lírica italiana, em oposição à antigüidade clássica. A principal característica deste movimento é o afastamento do teocentrismo perante a visão antropocêntrica do pensamento filosófico grego. Os intelectuais defendiam um olhar racional para o mundo, enquadrando o homem como possibilitador tanto para o construir positivo como para o negativo. Poetas do novo, da construção e de transformações. Para se entender a importância da lírica de Petrarca, faz-se necessário um estudo, ainda que na superficialidade, do que representa este gênero literário através dos tempos. Embora a poesia lírica tenha seus fundamentos desde a antiguidade, sua evolução se acentua, na medida em que o homem se revela diante do mundo. Refletindo sobre este mundo e sobre si mesmo, primeiramente, nasce da luta interior para então irromper-se em forma de poesia para além dos limites do eu. A emotividade faz com que a expressão poética apresente verossimilhança, não com a realidade objetiva, mas com a consciência de si mesmo. Distancia-se da narrativa e do drama que tem como suporte o mundo exterior e objetivo. Se os poetas gregos admiravam os atletas e a pátria, e concebiam estes como objetos de suas aspirações poéticas, Petrarca concebia seu estar no mundo em si mesmo e no amor metafísico concretizado em suas canções. Amor cuja existência, ao mesmo tempo em que se limitava à existência do poeta, transcendia em seu ardor e sofrimento extremo.Francesco Petrarca deu forma, métrica e imortalizou o sofrimento pelo amor indefinível através dos convulsionados sentimentos que extraia do social e do político. Modificou a ordem do mundo em relação à lírica e a língua italiana. Compôs os sonetos que em italiano(sonnetto) significa pequena canção ou pequeno som. O soneto, que nascera sob a forma de duas oitavas na corte de Frederico de Florença, sob a ordem de Jacobo Notaro ou Jacobo Lentini se transformara em dois quartetos e dois tercetos na composição Petrarquiana.

II Seminário Nacional em Estudos da Linguagem: 06 a 08 de outubro de 2010
Diversidade, Ensino e Linguagem UNIOESTE - Cascavel / PR


Soneto 134 de Petrarca

A paz não tenho, e sem ter motivo vou à guerra: 
e temo, e espero, e ardo em fogo, e sou de gelo, 
e quero subir ao céu e caio em terra, 
e nada abraço e o universo ando a contê-lo. 
Tal é minha prisão, que não se abre, e não se encerra: 
prende-me o coração, mas sem prendê-lo, 
não me dá vida ou morte, Amor, e erra 
minha alma sob o enorme pesadelo. 
Odeio-me a mim mesmo, alguém amando,
grito sem boca ter, sem olhos vejo,
quero morrer, e a morte me apavora. 
Nutrindo-me da dor, chorando eu rio: 
igualmente não me importam a morte e vida:
eis o estado em que me encontro, Senhora, por vós.


DONNA, CHE LIETA COL PRINCIPIO NOSTRO

Senhora minha, que tão leda estais 
Coo princípio de tudo, e o mereceste 
Por essa vida santa que viveste, 
E em sédia gloriosa vos sentais, 

Ó rara e portentosa entre as demais, 
Ora, no Olhar que tudo vê celeste, 
Vê o meu amor e a pura fé que veste 
De lágrimas choradas versos tais. 

E sente um coração tão fiel na terra 
Qual o é no céu agora, e que não tende 
A mais de ti que ao Sol dos olhos teus. 

E pois, para vencer a dura guerra 
Que neste mundo só a ti me prende, 
Roga que eu vá depressa a estar nos céus. 


ITE, RIME DOLENTI, AL DURO SASSO

Oh, vai, verso dolente, à pedra dura 
Que o meu caro tesouro em terra esconde, 
E chama quem do céu inda responde, 
Se bem que o corpo esteja em tumba escura. 

Diz-lhe que vivo exausto de amargura, 
De navegar sem já saber por onde, 
Salvando apenas sua esparsa fronde 
De perder-se na morte que se apura, 

Sempre arrazoando dela, viva e morta, 
Como se viva e já feita imortal, 
Para que o mundo a reconheça e ame. 

E que lhe praza ser quem me conforta 
No instante que se apressa. Venha e, qual 
Está no céu, a si me leve e chame. 



ANIMA BELLA DA QUEL NODO SCIOLTA 

Alma tão bela desse nó já solta 
Que mais belo não sabe urdir natura, 
Tua mente volve à minha vida obscura 
Do céu à minha dor em choro envolta. 

Da falsa suspeição liberta e absolta 
Que outrora te fazia acerba e dura 
A vista em mim pousada, ora segura 
Podes fitar-me, e ouvir-me a ânsia revolta. 

Olha do Sorge a montanhosa fonte 
E verás lá aquele que entre o prado e o rio 
De recordar-te e de desgosto é insonte. 

Onde está teu albergue, onde existiu 
O amor que abandonaste. E o horizonte 
De um mundo que desprezas, torpe e frio. 



terça-feira, 23 de julho de 2013

"apenas pedem que eu os acomode em algum canto de minha humilde morada..." Petrarca


Tenho amigos cuja companhia me é extremamente agradável: são de todas as idades e vêm de todos os países. Eles se distinguiram tanto nos escritórios quanto nos campos, e obtiveram altas honrarias por seu conhecimento nas ciências. É fácil ter acesso a eles: estão sempre à disposição, e eu os admito em minha companhia, e os despeço, quando bem entendo. Nunca dão problemas, e respondem prontamente a cada pergunta que faço. Alguns me contam histórias de eras passadas, enquanto outros me revelam os segredos da natureza. Alguns, pela sua vivacidade, levam embora minhas preocupações e estimulam meu espírito, enquanto outros fortificam minha mente e me ensinam a importante lição de refrear meus desejos e de depender só de mim. Eles abrem, em resumo,  as várias avenidas de todas as artes e ciências, e eu confio em suas informações inteiramente, em todas as emergências. Em troca de todos esses serviços, apenas pedem que eu os acomode em algum canto de minha humilde morada, onde possam repousar em paz – pois esses amigos deleitam-se mais com a tranquilidade da solidão do que com os tumultos da sociedade.

Francesco Petrarca.

Salve-me, e eu te salvarei.



Francisco Petrarca (1304-1374) nasceu em Arquá, na região da Mântua. Passou a infância em Valdarno, mas transferiu-se para Pisa com a família. Em Avignon, fez seus estudos em gramática, dialética e retórica. Posteriormente, cursou direito em Bolonha e Montepelier. Com a morte do pai, tentou a vida monástica, mas logo abandonou. Numa sexta-feira santa, conheceu Laura de Novaes, musa que o inspirou durante a vida inteira. Petrarca era um grande investigador dos clássicos da literatura antiga. Por isso, foi considerado um dos primeiros grandes bibliófilos da Europa. Dedicou-se à poesia a partir de 1337. Recebeu título de poeta laureado em Roma, sucesso que alcançou ainda vivo. Foi grande sonetista e humanista, orador eloquente e um dos precursores do renascimento italiano. Petrarca escreveu mais de 300 sonetos. Das obras líricas, a mais importante é “Canzoniere e o Trionfi” (Triunfos). Dos ensaios e cartas, destaca-se o “Secretum” (Meu Livro Secreto), escrito em latim. Escreveu tratados, entre eles o “Rerum Memorandarum Libri”, que versava sobre questões de ordem moral. O “Itinerarium” (O Guia de Petrarca para a Terra Santa), tornou-se uma espécie de guia de viagem. Importante também é a “Carta para a Posteridade”, uma autobiografia. Petrarca inspirou um movimento poético, o petraquismo, o qual conseguiu muitos adeptos entre o século XV e XVII. Encontrar as riquezas dos ensinamentos dos autores clássicos nas diversas áreas do conhecimento humano e revitalizar esses conhecimentos continuando a pesquisas que esses autores começaram é a preocupação filosófica de Petrarca, que teve não somente a vontade, mas também a oportunidade e os meios de iniciar a revolução cultural conhecida como humanismo. Petrarca é tido como sendo o primeiro dos humanistas, movimento que está intimamente ligado ao Renascimento. Petrarca busca um mundo ideal que é diferente da sua realidade concreta. Ele discorda dos filósofos de sua época e procura nos antigos uma perfeição intelectual que ele não encontra no mundo que o rodeia. Sobre a possível oposição entre o humanismo e o cristianismo ele afirma que os filósofos antigos não tinham a fé cristã, mas tinham a virtude e na virtude o pensamento antigo e o cristão se encontram e não estão em contradição. Segundo ele a descrença e a irreligiosidade de sua época eram causadas pelo naturalismo do pensamento árabe que tem por base Averróis e pelo uso indiscriminado da lógica e da dialética para analisar áreas do conhecimento que não lhes são próprias. Para solucionar os problemas da fé e da religião devemos direcionar nossos estudos para a nossa própria alma, devemos nos voltar a nós mesmos, esse é um dos primeiros princípios do humanismo. O verdadeiro saber é o saber que temos de nós mesmos. De pouco adianta conhecermos a natureza das coisas e desconhecermos a natureza do homem. Petrarca considera de fundamental importância responder questões como: Por que estamos aqui? De onde viemos e para onde vamos?

biografias.net/francesco_petrarca/http://www.filosofia.com.br/historia_show.php?id=55

sábado, 1 de junho de 2013

Uma nova visão de mundo: Humanismo.


O termo Humanismo é polissêmico, podendo ser considerado sob vários enfoques ao mesmo tempo distintos e interdependentes.  Entendido enquanto movimento literário e cultural de uma época, ele promoveu profundas transformações na sociedade europeia da época. Historicamente, o Humanismo foi um movimento intelectual italiano do final do século XIII que irradiou-se para quase toda a Europa, isto porque, após a queda de Constantinopla em 1453, muitos intelectuais gregos (professores, religiosos e artistas) refugiaram-se na Itália e começaram a difundir uma nova visão de mundo, mais antropocêntrica, indo de encontro à visão teocêntrica. O Humanismo foi a segunda Escola Literária Medieval, também conhecida como Pré-Renascimento ou Quatrocentismo, e corresponde ao período de transição da Idade Média para a Idade Clássica. Temos como marco inicial do Humanismo português a nomeação de Fernão Lopes como Guarda-Mor da Torre do Tombo em 1418.

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Reis de Portugal durante a transição entre o Trovadorismo e o Humanismo medievais.










Em ordem cronológica estão:

D. Afonso III ( 1248- 1279 ) - O Bolonhês

5º Rei de Portugal

D. Afonso III era o segundo filho de D. Afonso II e de D. Urraca, e nasceu provavelmente em Coimbra em 5 de Maio de 1210. Casou inicialmente com D. Matilde, condessa de Bolonha em 1238, e o seu segundo casamento com D. Beatriz filha ilegítima de D. Afonso X - O Sábio, só foi legalizado em 1263, depois da morte de D. Matilde. Morreu a 16 de Fevereiro de 1279 e está sepultado em Alcobaça.
Como segundo filho, Afonso não deveria herdar o trono destinado a Sancho e por isso viveu em França, onde se casou com Matilde II de Bolonha em 1235, tornando-se assim conde jure uxoris de Bolonha. Todavia, em 1246, os conflitos entre Sancho II e a Igreja tornaram-se insustentáveis e o Papa Inocêncio IV ordenou a substituição do rei pelo conde de Bolonha. Afonso não ignorou a ordem papal e dirigiu-se a Portugal, onde se fez coroar rei em 1248 após o exílio e morte de Sancho II em Toledo,


 D. Dinis I (1279 - 1325) - "O Lavrador"

6º Rei de Portugal
D. Dinis era filho de D. Afonso III e de D. Beatriz de Castela nasceu a 9 de Outubro de 1261. Casou com D. Isabel de Aragão. Morreu a 7 de Janeiro de 1325. Está sepultado em Odivelas, no Mosteiro de São Dinis.

Foi cognominado O Lavrador ou O Rei-Agricultor, pelo impulso que deu no reino àquela actividade, e ainda O Rei-Poeta ou O Rei-Trovador, pelas Cantigas de Amigo e de Amor que compôs, e pelo desenvolvimento da poesia trovadoresca a que se assistiu no seu reinado. Foi o primeiro rei português a assinar os seus documentos com o nome completo. Mandado educar esmeradamente pelo seu pai, presume-se que tenha sido o primeiro rei português não analfabeto.

Salvou a Ordem dos Templários em Portugal através da criação da Ordem de Cristo, que lhe herdou os bens no reino português, depois da sua extinção e apoiou os cavaleiros da Ordem de Santiago ao separarem-se do seu mestre castelhano.

O reinado de D. Dinis acentuou a predilecção por Lisboa como local de permanência da corte régia. Não existe uma capital, mas a localização de Lisboa, o seu desenvolvimento urbano, económico e mercantil vão fazendo da cidade o local mais viável para se afirmar como centro administrativo por excelência.


D.Afonso IV  ( 1325 - 1357 ) " O Bravo"

7º Rei de Portugal

Filho de D. Dinis e de D. Isabel de Aragão, D. Afonso IV nasceu em Lisboa a 8 de Fevereiro de 1291. Casou em 1309 com D. Beatriz filha de Sancho IV de Castela. Faleceu em Lisboa a 28 de Maio de 1357 e está sepultado na capela-mor da Sé de Lisboa.
Apesar de ser o único filho legítimo de seu pai, Afonso não seria, de acordo com algumas fontes, o favorito do rei D. Dinis, que preferia a companhia de D. Afonso Sanches, um dos seus bastardos (legitimado). Esta preferência deu lugar a uma rivalidade entre os dois irmãos que, algumas vezes, deu lugar a confrontos armados.
Em 1325, Afonso IV tornou-se rei e, como primeira decisão, exilou Afonso Sanches para Castela, retirando-lhe de caminho todas as terras, títulos e feudos concedidos pelo pai de ambos. O exilado não se conformou e do outro lado da fronteira orquestrou uma série de manobras políticas e militares com o fim de se tornar ele próprio rei. Depois de várias tentativas de invasão falhadas, os irmãos assinaram um tratado de paz, sob o patrocínio da Rainha Santa Isabel


D.Pedro I (1357-1367) - "O Cruel ou O Justiceiro"

8º Rei de Portugal
D. Pedro I (Coimbra, 8 de Abril de 1320 - Estremoz, 18 de Janeiro de 1367) foi o oitavo Rei de Portugal. Mereceu os cognomes de O Justiceiro (também O Cruel, O Cru ou O Vingativo), pela energia posta em vingar o assassínio de Inês de Castro, ou de O-Até-ao-Fim-do-Mundo-Apaixonado, pela afeição que dedicou àquela dama galega. Era filho do rei Afonso IV e sua mulher, a princesa Beatriz de Castela. Pedro I sucedeu a seu pai em 1357.

Pedro é conhecido pela sua relação com Inês de Castro, a aia galega da sua mulher Constança, que influenciou fortemente a política interna de Portugal no reinado de Afonso IV. Inês acabou assassinada por ordens do rei em 1355, mas isso não trouxe Pedro de volta à influência paterna.

Como rei, Pedro revelou-se um bom administrador, corajoso na defesa do país contra a influência papal (foi ele que promulgou o famoso Beneplácito Régio, que impedia a livre circulação de documentos eclesiásticos no País sem a sua autorização expressa), e justo na defesa das camadas menos favorecidas da população. Na política externa, Pedro participou ao lado de Aragão na invasão de Castela.

D. Pedro reinou durante dez anos, conseguindo ser extremamente popular, ao ponto de dizerem as gentes «que taaes dez annos nunca ouve em Purtugal como estes que reinara elRei Dom Pedro».


Fernando I - (1367-1383) "O Formoso"

9º Rei de Portugal
D. Fernando I, nono Rei de Portugal, nasceu a 31 de Outubro de 1345 em Lisboa. Era filho do rei Pedro I de Portugal pela sua mulher, a princesa Constança de Castela. Fernando sucedeu a seu pai em 1367 e faleceu tuberculoso em  22 de Outubro de 1383.

Foi cognominado O Formoso ou O Belo (pela beleza física que inúmeras fontes atestam) e, alternativamente, como O Inconsciente ou O Inconstante (devido à sua desastrosa política externa que ditou três guerras com a vizinha Castela, e até o perigo, após a sua morte, de o trono recair em mãos estrangeiras).


D. Beatriz I - ( 1383 - 1385 )

10º Rei de Portugal

Rainha de jure e de facto (era a única herdeira legítima do trono deixado vago pela morte de D. Fernando I), D. Beatriz, casada com João I de Castela, foi aclamada Rainha em grande do Reino, exercendo a regência em seu nome, durante quase dois anos, a rainha-viúva, sua mãe D. Leonor Teles de Menezes; o seu marido D. João de Castela acrescentou mesmo o senhorio dos Reinos de Portugal e Algarve aos seus títulos, e mandou cunhar moeda com as armas de Leão e Castela partidas com as de Portugal.

Contudo, desde o início do reinado, várias vilas e cidades do reino começaram-se a revoltar, temendo a perda da independência, vindo paulatinamente a engrossar o partido que se foi constituindo à roda do Mestre de Avis.


Dinastia de Aviz


  D.João I (1385-1433) - "O de Boa Memória"

11º Rei de Portugal

Filho bastardo de D. Pedro I e de uma dama galega de nome Teresa Lourenço, D. João I nasceu em Lisboa aos 11 de Abril de 1357 e faleceu na mesma cidade em 14 de Agosto de 1433. Casa-se em Fevereiro de 1387, na cidade do Porto, com D. Filipa de Lencastre filha de Jonh of Gaunt, Duque de Lencastre. D. João I foi de facto um Rei de Boa Memória. Foi pai, foi avô e deixou a filhos e filhas, assim como aos netos, casa opulenta.
À data da morte do rei D. Fernando I, sem herdeiros directos, Portugal parecia em risco de perder a independência. A rainha D. Leonor Teles de Menezes era impopular e olhada com desconfiança. Ter tornado pública a sua ligação amorosa ao nobre galego João Fernandes Andeiro, que vivia no paço, atraiu todas as críticas contra a sua pessoa e contra o conde Andeiro. Para além do mais, a sucessão do trono recaía sobre a princesa D. Beatriz, casada com o rei João I de Castela.

Com o apoio de um grupo de nobres, entre os quais Álvaro Pais e o jovem D. Nuno Álvares Pereira, e incentivado pelo descontentamento geral, o Mestre de Avis matou o conde de Andeiro no paço, a 6 de Dezembro de 1383 e iniciou o processo de obtenção da regência em nome do Infante D. João.